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Quem eram os Fariseus na Bíblia?

Fariseus

O significado de Fariseu

É difícil saber o significado correto do termo Fariseu. A interpretação mais provável é que esse termo seja derivado do verbo hebraico parash, que significa "separar" ou "dividir". Se isto estiver correto, então o termo “Fariseu” significa algo como "povo separado", ou "os separatistas".

No entanto, mesmo que esse seja realmente o significado de fariseu, não é possível afirmar com exatidão a que tal “separação” se refere. Alguns argumentam que seja uma separação das impurezas e costumes mundanos, outros sugerem que talvez esse significado tenha uma aplicação mais histórica, como por exemplo, uma posição política.

O que a Bíblia diz sobre Fariseus?

Os Fariseus eram um grupo bem maior do que os escribas. Eram como se fossem os judeus ortodoxos do tempo de Jesus. Embora muito importantes e numerosos, os Fariseus não tinham pretensões políticas, portanto, não disputaram o poder com os principais sacerdotes.

Os Fariseus acreditavam na imortalidade da alma, na ressurreição do corpo, em anjos, em demônios e em todos os demais aspectos do mundo espiritual. E sendo assim, em vários aspectos sua doutrina era relativamente próxima de Jesus. Mas havia um aspecto que os colocava em posição antagônica a Jesus.

Ocorre que os Fariseus, como seguidores estritos da Lei Mosaica se consideravam melhores que todos os demais judeus – a parábola que Jesus contou em que um fariseu olha com desprezo para um cobrador de impostos reflete bem essa circunstância (Lucas capítulo 18, versículos 9 a 14).

Essa arrogância, bem como sua preocupação excessiva com as aparências, levou-os à hipocrisia e foram muito criticados por Jesus por causa disso (Mateus capítulo 23, versículos 13 a 15). E vem daí a má vontade que os Fariseus tinham com Jesus.

A origem dos Fariseus também é outro ponto bastante discutido sobre esse grupo. Existem muitas teorias, mas nenhuma delas é considerada como inteiramente correta. As principais sugestões para o surgimento do grupo dos Fariseus são:

Os Fariseus podem ter surgido ainda nos tempos de Esdras e Neemias, sendo aqueles que rejeitavam os costumes pagãos adotados pelos judeus após o exílio na Babilônia.
Talvez tenham surgido entre os escribas que se propuseram a continuar o trabalho de Esdras no estudo da Lei, e entre aqueles que se dedicavam à sua observância rígida.
Podem ter surgido em oposição a influência helenista e a adoção dos costumes gregos na época do governo de Antíoco Epifânio. Existe a possibilidade de também terem surgido logo após a reconquista do Templo, com a divisão entre os hasidins.
A posição mais provável é a de que os Fariseus tenham surgido no período que antecedeu a guerra dos macabeus, com o objetivo de resistir e fazer oposição aos costumes helenísticos através de uma observância estrita da Lei de Moisés, o que faz com que os hasidins, “piedosos”, tenham sido seus precursores.

De qualquer forma, os Fariseus aparecem pela primeira vez com esse nome durante a época o governo de João Hircano entre 135 e 105 a.C. O próprio João Hircano inicialmente pertenceu ao partido dos Fariseus, mas depois se separou deles e se tornou adepto dos saduceus.

De certa forma, isso fez com se desencadeasse um tipo de perseguição aos Fariseus, especialmente durante os dias de Alexandre Janeu, filho de João Hircano, mas logo depois a esposa de João Hircano acabou favorecendo os Fariseus devido a grande influência que eles exerciam entre o povo.

Os ensinos dos Fariseus

Os Fariseus eram conhecidos pela observância rígida, não apenas da Lei escrita, mas da tradição oral. Para eles, essa Lei oral, que segundo diziam havia sido preservada pelos homens importantes da sinagoga, recuando até Esdras, e antes dele pelos profetas, anciãos, Josué e, finalmente, remontando até Moisés, precisava ser observada com rigor, e assim faziam, honrando-a até mais do que a Lei escrita.

A doutrina dos Fariseus considerava a soberania de Deus nos decretos divinos, a responsabilidade moral do homem, a imortalidade da alma, a existência dos espíritos e a ressurreição do corpo. Eles também criam na doutrina da retribuição, onde castigos e recompensas estavam reservados para a vida futura de acordo com a vida presente.

Além disso, eles também enfatizam ao máximo a importância do dizimo e a observância das leis sabáticas. Eles eram tão rígidos com relação à guarda do sábado que alguns afirmavam que se uma pessoa estivesse com a garganta irritada num sábado, ela poderia engolir vinagre, mas não fazer gargarejo, pois isto caracterizaria um tipo de trabalho.

Os Fariseus no tempo de Jesus

Aparentemente o partido dos Fariseus no tempo de Jesus não tinham entre seus integrantes os sacerdotes, e talvez sua maioria fosse formada de escribas. Os Fariseus são mencionado com destaque no Novo Testamento, principalmente de forma negativa.

Jesus censurou o farisaísmo em diversas ocasiões por conta de terem externalizado a religião com sua hipocrisia e orgulho, que simplesmente traduzia-se num tipo de exibicionismo e falsa santidade (Mateus 5:20; 16:6-12; 23:1-39; Lucas 18:9-14).

Apesar de acertarem em muitos pontos em sua doutrina, os Fariseus jogavam sobre o povo uma carga de religiosidade que nem mesmo eles eram capazes de cumprir, isto por que, na verdade, eles possuíam um entendimento equivocado com relação à justificação pelas obras. A Parábola do Fariseu e o Publicano expressa muito bem o erro dos Fariseus (Lucas 18:9-14).

É por isso que Jesus chamou os Fariseus de “sepulcros caiados” (Mateus 23:27), filhos daqueles que foram responsáveis por assassinarem os profetas e os homens justos desde Abel até Zacarias (Mateus 23:29-36). Para o Senhor Jesus, eles eram cegos conduzindo outros cegos (Mateus 15:14; 23:13-15). Antes mesmo de Jesus, o profeta João Batista também já havia reprovado os Fariseus e os saduceus chamando-os de “raça de víboras” (Mateus 3:7ss).

Também é verdade que alguns Fariseus mostravam certo respeito por Jesus (Lucas 7:36ss; 13:31ss). O caso mais conhecido é o do fariseu Nicodemos, que provavelmente tornou-se um seguidor do Senhor (João 3; 19:39). No entanto, de modo geral, os Fariseus tiveram participação ativa na conspiração contra a vida de Jesus (Marcos 3:6; João 11:47-57).

O próprio Talmude classifica os Fariseus em diferentes classes, fazendo distinção entre aqueles que se apoiam num aspecto de falsa humildade e se esforçavam para fazer com que os homens vissem suas boas obras, e aqueles que verdadeiramente demonstravam sinceridade no seu amor por Deus.

Além de Nicodemos, a Bíblia aponta outros notáveis integrantes desse partido, como o mestre Gamaliel e o próprio Paulo de Tarso, antes de ser convertido ao cristianismo (Atos 23:6; 26:5-7; Filipenses 3:5). O importante historiador e escritor judeu, Flávio Josefo, também era um fariseu, e em seus escritos encontramos valiosas informações sobre o farisaísmo.

Após a revolta contra Roma e a consequente queda de Jerusalém em 70 d.C., grupos como os saduceus, essênios e os zelotes desapareceram, e os Fariseus se tornaram a expressão máxima da religião judaica, de modo que com o tempo o farisaísmo se tornou sinônimo do próprio judaísmo.